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Capa do livro "Palmada já era", à venda na Livraria Cortez |
PORQUE SOU CONTRA A PALMADA
Dizia uma pseudomúsica funk:"um tapinha não dói, um tapinha não dói". A vozinha de taquara rachada ficava repetindo isso muitas e muitas vezes.Isso mostra como está arraigada em nossa cultura a violência. As pessoas queixam-se dela, mas estão implantando-a dentro de suas próprias casas.
Imagine a seguinte cena: uma criança de um ano e oito mess que está aprendendo a usar o banheiro de repente faz xixi nas calças e a mãe bate. Ela não tem controle dos esfíncteres, não sabe nem por que está apanhando e a sensação de medo vai ser associada ao fato de ter deixado o xixi escapar, provocando até, talvez, uma espécie de travamento nesse ato.
Quando menina, eu apanhei muito do meu pai. Minha mãe dava uns tapinhas quando estava nervosa, mas não batia muito. Meu pai batia sistematicamente, de forma racional. Na época, ele chegou a mandar benzer uma varinha pra bater na gente e o pior é que o padre benzia!
Eu vivia com medo, tinha tanto medo do meu pai que isso me impedia de amá-lo. As surras vinham sempre, por mais que eu fizesse de tudo para ser boa menina, não havia nada que contentasse meu pai. O resultado disso é que cresci uma pessoa medrosa e revoltada. Isso atrapalhou muito a minha vida.
Hoje defendo que é possível educar sem palmadas, principalmente sem surras e espancamentos, o que só leva a criança a ter uma autoestima baixa e viver com medo.
Sou a favor da lei contra a palmada: quem bate em criança merece a prisão mesmo!