domingo, 24 de maio de 2009

O SONHO

O sonho


Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
















CLARICE LISPECTOR (ACHEI NA NET COMO DE AUTORIA DELA, MAS NÃO TENHO CERTEZA)

domingo, 17 de maio de 2009

ANÁLISE DA MÚSICA PAIS E FILHOS

PAIS E FILHOS
E A FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO







Veja o clipe da música aqui nesse link:



http://www.youtube.com/watch?v=Zr66vNx-tZQ


Fiz um trabalho para o curso de Linguística Textual sobre coesão textual e analisei a música Pais e filhos da banda Legião Urbana. Resolvi postar aqui por sugestão do meu filho que afirmou gostar ainda mais da música depois de ler a análise.
A música “Pais e Filhos”, da banda Legião Urbana está no CD “As quatro estações”, que foi lançado em 1989. Pais e filhos é a segunda faixa e uma das que mais fizeram sucesso. O álbum do grupo que alcançou maior vendagem foi "As Quatro Estações" de 1989. O disco teve 1,350 milhões de cópias vendidas.
Pensemos a princípio na questão da tipologia e gênero textual. É uma letra de música e portanto um poema com doze estrofes, dividido em cinqüenta e quatro versos livres. O tamanho das estrofes é irregular: temos estrofes de três versos e a mais longa de oito versos.
O poema possui traços de narração e argumentação.
Como poema o texto possui rimas: na terceira estrofe há a rima de agora com fora; na quarta, de vocês com três; na oitava estrofe, há a rima de visitar com lugar; na nona de mais com pais. No entanto, podemos notar que as rimas são ocasionais e não era o objetivo do poeta, pois o ritmo é mais importante que a rima, dentro desse texto.
O que chama a atenção nessa letra é a aparência de caos: não há um encadeamento e nem coesão textual à primeira vista. Então não seria um texto? Porém, debruçando-se mais profundamente, podemos recuperar o sentido do texto.
Na primeira estrofe podemos dizer que há uma voz narrativa, ou seja a voz do narrador que enumera elementos.

Estátuas e cofres
E paredes pintadas
Ninguém sabe
O que aconteceu...

Nessa fala aparece uma pessoa pessoa do sexo feminino que identificamos pelo pronome “ela”, mas que não recupera nenhum elemento anterior do texto:
Ela se jogou da janela
Do quinto andar
Nada é fácil de entender...
Podemos inferir aqui uma situação narrativa: alguém se jogou do quinto andar do prédio e era uma mulher, mas não sabemos quem é, há apenas a perplexidade do narrador: nada é fácil de entender.
Na terceira estrofe aparece a voz de alguém que poderíamos inferir de um adulto acalentando uma criança:
Dorme agora
É só o vento
Lá fora
Nessa estrofe aparecem a voz de pessoas que podemos inferir como crianças e adolescentes de várias idades.
Quero colo!
Vou fugir de casa
Posso dormir aqui
Com vocês
Estou com medo
Tive um pesadelo
Só vou voltar
Depois das três...
Na quinta estrofe aparece a fala de um pai ou de uma mãe:
Meu filho vai ter
Nome de santo
Quero o nome
Mais bonito...
O texto pode ser um diálogo, ou pode ser a mesma pessoa afirmando.


Pode ser um pai ou uma mãe.
A sexta estrofe é o refrão da música que depois é repetida.
Aqui temos uma voz poética fazendo uma admoestação:
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Pra pensar
Na verdade não há...
Na sexta estrofe há falas de pais e de filhos:
Me diz, por que que o céu é azul
Explica a grande fúria do mundo
Essas falas remetem à criança que está na fase dos “porquês”, com a necessidade de entender o mundo.
Essa voz é de um pai ou de uma mãe e remete ao desamparo:
São meus filhos
Que tomam conta de mim
Aqui temos vozes de filhos, talvez crianças, mostrando a separação dos pais, pessoas que não têm casa e outras que vivem mudando de família. Depois dessa fala há a repetição do refrão, o que remete à idéia de desamparo e desagregação das relações.
Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua
Não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar...
Já morei em tanta casa
Que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais
Nas últimas estrofes aparece a voz de um narrador que também argumenta e coloca sua visão, que somos uma gota d’água ou um grão, mostrando nossa pequenez diante do mundo.
A fala final faz uma crítica ao fato de haver cobrança em relação aos pais: será que os pais também não precisam ser entendidos? Será que seriam heróis ou que também não teriam suas fragilidades?A frase final “o que você vai ser quando você crescer” pode ser entendida como uma pergunta ou como afirmação. Se for como pergunta revela a intenção de perguntar será que você não vai ser como seus pais? E se for uma afirmação, a voz poética pode estar afirmando que vamos sempre repetir os nossos pais.
Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais
Não o entendem
Mas você não entende seus pais...
Você culpa seus pais por tudo
Isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?
Podemos inferir que o poeta mostrou nessa música poema as contradições do mundo moderno: as relações fragmentadas, o desamparo do sujeito. Essa fragmentação se dá tanto na forma como no conteúdo, com as vozes colocadas no texto. Parece que há uma câmera filmando grupos de pessoas falando e ele registra essas vozes da forma como aparece.
A fala do narrador, a voz poética organiza esse aparente
caos e dá sentido a ele, questionando a postura do filho que culpa o pai, mostrando que somos humanos, pequenos diante da realidade.
Considerando que foi escrito em 1989, o texto mostra um pouco dessa fase, considerada a “década perdida” porque tínhamos recém saídos de uma ditadura militar com uma estagnação da economia e refluxo dos movimentos estudantis e populares.
É nessa época, na música “quando o sol bater na janela do seu quarto”, que ele pergunta:
“Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?”
O texto não possui coesão no sentido que um elemento recupera o outro, mas a partir de aspectos semânticos.



ANÁLISE DA MÚSICA PAIS E FILHOS

Fiz um trabalho para o curso de Linguística Textual sobre coesão textual e analisei a música Pais e filhos da banda Legião Urbana

sexta-feira, 1 de maio de 2009




Baladilha

Morre o boi
Quando chega ao fim
A paciência bovina
De mascar capim,
De puxar o carro,
De servir ao homem
Que o mata e come.
Morre o cão
No meio da rua
Sob a luz da lua
A que tanto uivou.
Guardou fielmente
O celeiro do homem,
Mas morreu de fome.

Morre o pássaro
Dentro da gaiola
Quando é noite e o canto
Já não o consola.
Pela última vez
Canta para o homem
Que, embora livre, dorme.

Envoy:
Homem, não sejas
Pássaro nostálgico,
Cão ou boi servil.
Levanta o fuzil
Contra o outro homem
Que te quer escravo.
Só depois disso morre.

José Paulo Paes