quinta-feira, 23 de junho de 2011

FOME ESTÉTICA


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FOME ESTÉTICA
"A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte" (TITÃS)

Fome é algo triste. Primeiro sentimos a necessidade da alimentação. Em seguida, vem a sensação de fraqueza, depois a fome passa e fica só a sensação de vazio no estômago. Se ficamos muito tempo sem comer, as dores vão aumentando e a gente vai ficando mirradinho até desfalecer.
A falta de alimentação é um mal enorme que no Brasil tem melhorado bastante, mas ainda não é o ideal. Não ter o que comer ou ter muito pouco é algo muito triste. Eu tinha mais ou menos 11 anos quando vi uma situação de falta de comida: havia uma família enorme que morava perto de nós e como havia muita crianças, brincávamos todos juntos. Um dia entrei na casa no horário do almoço e me deparei com seguinte cena: a mãe (ou avó, não lembro), com uma panela na mão, servia a cada menino, adolescente e adulto uma colher de macarrão na mão e reiterava que acabado aquele não tinha mais nada. Eu não entendi muito bem a situação naquele momento, mas ficou claro que faltava comida para aquelas pessoas. Lembro-me do impacto que senti com a cena. Na minha casa também havia muita gente, mas não faltava comida, era bem distribuida pelo meu pai, mas não faltava, a gente sempre tinha pelo menos um prato cheio, o que fazia de nós pessoas magras e bem nutridas.
Parece que com a arte fazem a mesma coisa conosco, dando-nos um pouquinho porque não há para todos. Assim, não somos nutridos também esteticamente. Quantas crianças podem ter contato com a arte desde bem pequenos? Quantas escolas oferecem alimentos artísticos para nossos jovens?
O resultado disso é a pichação, violência. Já há vários estudos que mostram que a arte liberta, que projetos artísticos em locais com baixa qualidade de vida tem o poder de mudar a situação de muitos jovens. No entanto, esses projetos são sempre isolados, por iniciativa de ONGs ou pessoas isoladas. Arte, em quaisquer de suas manifestações, plástica, literatura, dança, teatro, etc. alimenta a alma. Nutre. Oferece novos olhares para o mundo. Sensibiliza. E consegue chegar até o mais profundo do ser: o coração.