sexta-feira, 1 de maio de 2009




Baladilha

Morre o boi
Quando chega ao fim
A paciência bovina
De mascar capim,
De puxar o carro,
De servir ao homem
Que o mata e come.
Morre o cão
No meio da rua
Sob a luz da lua
A que tanto uivou.
Guardou fielmente
O celeiro do homem,
Mas morreu de fome.

Morre o pássaro
Dentro da gaiola
Quando é noite e o canto
Já não o consola.
Pela última vez
Canta para o homem
Que, embora livre, dorme.

Envoy:
Homem, não sejas
Pássaro nostálgico,
Cão ou boi servil.
Levanta o fuzil
Contra o outro homem
Que te quer escravo.
Só depois disso morre.

José Paulo Paes

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