domingo, 27 de julho de 2008





Mulherão

Texto de Martha Medeiros


Peça para um homem descrever um mulherão.
Ele imediatamente vai falar no tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos...

Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira, 1,80 m, siliconizada, sorriso Colgate. Mulherões, dentro desse conceito, não existem muitas: Vera Fisher, Malu Mader, Adriane Galisteu, Letícia Spiler, Lumas e Brunas.

Agora, pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão, e você vai descobrir que tem uma em cada esquina...

Mulherão é aquela que pega dois ônibus para ir ao trabalho e mais dois para voltar. E, quando chega em casa, encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.

Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matrícula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de R$ 100,00.

Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta e uma família todos os dias da semana.

Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas, depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.

Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dietas, que malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.

Mulherão é quem leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos na natação, busca os filhos na natação, leva os filhos para a cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz.

Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega. Ë quem, de manhã bem cedo, já está de pé, esquentando o leite.

Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava a roupa para fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e, à tarde, trabalha atrás de balcão.

Mulherão é quem cria os filhos sozinha, é quem dá expediente de 8 horas e enfrenta menopausa, TPM e menstruação.

Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios.

Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para azia.

Lumas, Brunas, Canas, Luanas e Sheilas: mulheres nota 10 no quesito lindas de morrer, mas mulherão é quem mata um leão por dia!

A OPRESSÃO COMEÇA PELO CORPO




Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinha da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças. Levei apenas uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais virgem e os irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra. Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem.

Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo. Realmente esqueceu, morrendo tuberculosa.

Estes episódios marcaram para sempre e a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres? Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo sucesso nas passarelas do samba. Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de fancaria, provocaram em muitas outras mulheres; as baixinhas, as gordas, as de óculos; um sentimento de perda de auto-estima.

Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo. E, no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.

Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espada. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência.

As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz.

E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa. Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos. Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer à ternura de suas mentes e a doçura de seus corações".
Rita Lee










Esse texto circula pela internet como da Rita Lee, mas ela nega sua autoria.

domingo, 6 de julho de 2008

FLUIDEZ







Fluidez


a vida flui

pelos
de

dos

es

co

rre
rapidamente

não podemos

prendê-la

como um


rio

a vida

flui...

os obstáculos

podem prender

as águas

do rio

mas não as impedem

de correr

ao seu destino

RECEITA DE HOMEM








RECEITA DE HOMEM

É preciso que seja doce
E que tenha ternura no olhar
Que seus ouvidos sejam atentos
E que seus lábios saibam falar.
Seu corpo deve ser sensível
Aos toques e beijos
Deve ter braços fortes
Para poder abraçar
Nas tristezas e alegrias
E nos momentos de prazer.
Suas mãos devem ser leves
Quando tiverem que tocar.
Deve possuir um quê de mistério
Com segredos pra desvendar
Deve gostar de flores
De música, de ler e conversar.
Não precisa ser bonito
Nem pertencer aos padrões de beleza
Mas deve ter sensualidade
Revelada no olhar
Que mantenha sempre acesa
A chama do desejo.
Que ele venha como um príncipe
Montado num cavalo branco
Mas que mantenha
Os pés no chão.
Não precisa ser poeta
Mas deve gostar de olhar as estrelas
Não precisa ser romântico
Mas deve proporcionar um clima
Que lembre lareiras crepitando.
Não deve ser muito asseado
Que perca o odor selvagem
De homem-animal-sensual.
Deve ter firmeza de caráter
Firmeza de personalidade
Clareza de suas contradições
Desejo de superá-las.
Deve ter senso de realidade
E vontade de mudar o mundo!
E os machistas que me perdoem
Mas sensibilidade é fundamental!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Eduardo e Mônica revisitados

Atualizaram a letra da música Eduardo e Mônica
Achei muito boa! Clique na imagem que você pode vê-la maior.